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07/07/2001 - 17h00

Fundador do Bob's é o único campeão brasileiro de Wimbledon

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FERNANDO CAMINATI
da Folha Online

Novaiorquino do bairro de Brooklin, Robert Falkenburg é o "único brasileiro" campeão de Wimbledon, o torneio mais tradicional, glamouroso e boicotado do tênis mundial.

Em 1947, fez sua estréia no All England Club e levantou a taça do Grand Slam inglês, fazendo dupla com o americano Jack Kramer, campeão de simples no mesmo ano e bi do Aberto dos EUA-46 e 47.

No ano seguinte, Falkenburg foi campeão de simples, derrotando na final o australiano John Bromwich (campeão do Aberto da Austrália em 1939 e 46), antes passando por alguns dos melhores jogadores da época, como Frank Sedgman, da Austrália (campeão de Wimbledon-52, Aberto dos EUA-51 e 52 e Aberto da Austrália-49 e 50), o americano Gardnar Mulloy (vice do Aberto dos EUA-52) e o sueco Lennart Bergelin, que anos depois seria treinador da lenda Bjorn Borg.

Nascido em 29 de janeiro de 1926, "Bob" cresceu em Los Angeles (Califórnia), mas passou parte da infância no Brasil _seu pai trabalhava na construção de hidrelétricas. Em 1950, mudou-se para o Rio de Janeiro para viver com sua mulher, a brasileira Lourdes Mayrink Veiga Machado, com quem se casara três anos antes.

Na capital fluminense, passou a defender o Brasil na Copa Davis, torneio entre países mais importante do mundo _a ITF (Federação Internacional de Tênis) dá Falkenburg como brasileiro. Jogou as edições de 54 e 55, obtendo duas vitórias e quatro derrotas em simples.

Antes, em 51, fundou uma sorveteria que seria, segundo ele, a primeira lanchonete de fast-food do Rio e mais tarde se transformaria na cadeia de lanchonetes Bob's.

Sua carreira no tênis começou aos 9 anos. Entre os 12 e os 15, venceu todos os títulos de juniores da região de Los Angeles e, adolescente, jogou pela University of Southern California, sendo campeão nacional de simples e duplas em 46 _ao lado do irmão Tom.

Em entrevista exclusiva à Folha Online, Falkenburg disse que foi melhor como júnior do que como adulto, principalmente devido a um problema respiratório que o levaria à aposentadoria precoce dos principais campeonatos em 49, aos 23 anos.

Aos 75, mantém-se um fã incondicional do tênis _pediu para ser entrevistado antes do sábado, para não perder a final feminina, entre a norte-americana Venus Williams e a belga Justine Henin.

"Gosto do tênis atual porque tem as características que marcaram minha carreira: o saque forte e a subida à rede para o voleio. Mas hoje os jogadores são bem mais preparados fisicamente, fazem muita musculação. O que na minha época não existia."

"Gostava muito da Steffi Graf, do Boris Becker. Hoje gosto do [Pete] Sampras, do [Patrick] Rafter, do [Andy] Roddick e do Guga, que tem um estilo mais romântico. Não é tão forte [fisicamente], como a maioria dos jogadores da atualidade, mas muito talento, que parece ser natural."

Falkenburg, no entanto, não acha que o catarinense deveria ter desistido de Wimbledon-2001. "Ele tem tido resultados fantásticos, e acho que tinha uma boa chance neste ano. A grama está mais seca e facilitaria seu jogo, típico de saibro."

Além de Gustavo Kuerten, boicotaram o torneio os espanhóis Alex Corretja e Albert Costa e o francês Arnaud di Pasquale. Por contusão, deixaram de participar o chileno Marcelo Ríos e o australiano Mark Philippoussis.

Depois de ter os dois filhos _Robert 2º e Cláudia_ e fundar o Bob's, Falkenburg passou a se dedicar a sua outra paixão esportiva: o golfe, em que seria tricampeão brasileiro nos anos 50.

Na sorveteria de Copacabana, diz ter fritado os primeiros hambúrgueres e cachorro-quentes do Rio e viu seu negócio crescer, atrair os famosos da época e se espalhar pelo país.

Em 1972, voltou para os EUA, levando o primeiro cão da raça Fila Brasileiro, um macho chamado Tupi. Dois anos depois, visitou o Brasil pela última vez, para vender sua rede de lanchonetes.

Hoje, aproveita sua aposentadoria em Los Angeles, joga tênis uma vez por semana e golfe, duas. Agradece ao esporte por ter lhe dado a vida farta.

Leia mais:

  • Falkenburg relembra sua conquista de 1948

  • 'Guga é um tenista romântico', diz Bob

  • Veja a campanha de Bob na Copa Davis

  • Confira mais trechos da entrevista

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